Autoridades norte-americanas abriram um inquérito contra a Nike por
suspeitas de suborno à CBF. O caso, que se refere ao contrato avaliado em US$
160 milhões com a seleção brasileira, está na poderosa SEC, a comissão de
valores mobiliários dos Estados Unidos, que vai examinar se acionistas foram
fraudados pelo acordo.
A
Nike é uma das empresas americanas que, por conta do escândalo de corrupção na
Fifa, estão sendo examinadas pelas autoridades de regulação. Se for provado que
a Nike ou qualquer outro patrocinador da Fifa ou da CBF violou as regras de
combate à corrupção nos EUA, as multinacionais podem sofrer multas milionárias.
No Brasil, o caso gerou a abertura de uma CPI há mais de dez anos e que não
resultou em qualquer tipo de punição.
Hoje,
a principal suspeita que recai contra a Nike é sua relação com o Brasil.
Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, é suspeito de ter dividido com o
empresário José Hawilla uma propina de US$ 30 milhões por terem fechado um
acordo com a empresa americana em 1996, dando exclusividade à marca para
explorar a seleção brasileira. A apuração fez parte do indiciamento do executivo
que fundou a Traffic e é apresentado como um dos casos de corrupção no
escândalo envolvendo o futebol.
Com
casa no sul da Flórida, Teixeira tentou vender seus ativos nos EUA, evitando
que fossem confiscados pela Justiça. Os americanos, no caso do brasileiro,
estariam colaborando também com a Suíça, que investiga Teixeira no âmbito da
votação realizada para sediar as Copas de 2018 e 2022.
Nos
documentos oficiais do próprio Departamento de Justiça dos EUA, o acordo entre
a CBF e a Nike é de fato colocado sob suspeita. O indiciamento aponta como a
instituição brasileira havia fechado um acordo milionário com a empresa
americana e que previa um pagamento extra em uma conta na Suíça de US$ 40
milhões para a Traffic.
No
total, o contrato estava avaliado em US$ 160 milhões e, em 1996, foi
considerado como o maior acordo de marketing da história do futebol. Um dos seus
intermediários foi o chefe da Nike no Brasil, Sandro Rosell, que anos mais
tarde seria eleito presidente do Barcelona.
Depois
de fechar o acordo com a Nike, entre 1996 e 1999, Hawilla emitiria notas por
serviços supostamente prestados no valor de US$ 30 milhões para a Nike que, em
troca, o fazia os depósitos. O empresário ainda se comprometia a pagar metade
desse valor a Teixeira. Para a Justiça americana, esse valor se refere a
"propinas e subornos" que o chefe da CBF e o empresário brasileiro
receberam da Nike por ter-lhes concedido o contrato com a seleção brasileira.
Apesar
de o suborno não envolver um estado, e sim a CBF, a Nike ainda assim pode ser
multada. Pela lei americana, uma empresa pode ser condenada se registrar de
forma falsa a entrega de uma propina como se fosse um gasto legítimo de
negócios.
Em
uma nota à imprensa a Nike indicou que está "comprometida em cooperar com
qualquer investigação governamental relacionado com a Fifa".
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