Os melhores esportes para quem passou dos 40 anos
Há onze anos, o comerciante de São Paulo, Jorge Bortolo Carioca, que acabava de fazer 40 anos, visitava uma feira de esportes no Parque do Anhembi. Depois de percorrer os pavilhões no piso térreo, subiu um lance de escadas até o segundo andar, onde tinha uma reunião agendada. “Cheguei segurando o peito para o coração não sair. Bufando, suando, batendo pino, literalmente”, conta ele.
Depois dos 40, estar em forma já não é a coisa mais natural que existe. No mundo desportivo, esta idade é considerada importantíssima. O risco de lesões musculares e das articulações aumenta, assim como o de sofrer um infarto, principalmente quando se começa a praticar atividades físicas vigorosas após um período longo de inatividade.
Ricardo Munir Nahas,
médico do Esporte e diretor científico da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte, recomenda que, antes de iniciar qualquer atividade física, as pessoas com mais de 40 anos procurem um médico do Esporte credenciado ou, na ausência dele, um bom clínico geral. “Em algumas cidades, como São Paulo, existem check-ups especialmente projetados para este fim. Mas o clínico geral vai indicar a necessidade, de acordo com o exame e com o histórico do paciente, de se fazer um eletrocardiograma ou um teste de esforço, por exemplo.”
Mas cautela é fundamental. Pesquisas recentes mostraram que o risco de um episódio de morte súbita é 17 vezes maior quando se está praticando alguma atividade física. “Com mais de 40 anos, se não houver predisposição cardíaca, praticar exercícios físicos, normalmente, só vai fazer bem. Mas, sem os devidos cuidados, todos os riscos aumentam”, diz Munir Nahas.
O brasileiro conhece a importância de se estar ativo. Uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Cardiologia revelou que 86% das pessoas acreditam que a falta de exercícios pode contribuir para o aumento das doenças cardiovasculares. Mas, na prática, a coisa muda de figura: 49% não fazem qualquer tipo de atividade física, índice que sobe à medida que a faixa etária avança.
O cardiologista e médico do Esporte Marcos Brazão, diretor científico da Sociedade de Medicina do Esporte do Rio de Janeiro, diz que o segredo para a boa prática de exercícios é o respeito aos limites. “Se as condições físicas e cardiovasculares de um indivíduo são seguras para uma caminhada e a pessoa tenta praticar spinning, por exemplo, as exigências metabólicas serão muito maiores.”
Mas não é difícil se manter em movimento. As atividades devem ser regulares, mas não precisam acontecer de uma só vez: “Está mais do que provado que duas sessões de 15 minutos ou uma sessão de 30 minutos produzem os mesmos benefícios. Se, ao longo do dia, a pessoa acumular essa meia hora de atividade física – trocando o elevador ou a escada rolante pela escada comum, saltando do ônibus um ponto antes do seu destino final, lavando o carro, trabalhando com jardinagem, levando o cão para passear, etc. –, já terá um risco 66% menor de apresentar um problema cardíaco”, diz o médico.
Gian Uccello era do tipo esportivo quando mais jovem. Durante oito anos praticou capoeira e outros esportes. Mas, com uma carreira em ascensão, priorizou o trabalho e deixou de lado atividades físicas.
O corpo reagiu e provocou no gerente comercial de uma gravadora multinacional paralisia periférica em um dos lados da face, identificada pelos médicos como decorrente do estresse, que poderia ter sido aliviado caso ele tivesse se mantido ativo. “Isso me levou a repensar meus objetivos. Minha filha tinha 1 ano e eu comecei a entender minha responsabilidade, trazendo de volta a preocupação com a saúde.”
Aos 40, ele diz que agora é o famoso “ioiô”: “Entro e saio da academia ao longo do ano, mas procuro manter pelo menos a caminhada. No momento, faço musculação e trabalho aeróbico e estou melhorando aos poucos.”
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